sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Segundos coloridos

Cuidar do jardim para que venham as borboletas! Frase que denota um feito simples e fácil, certo?
Ah...como é gostosa a simplicidade das palavras! Mas, sobre esse jardim muitas vezes o sol é escaldante e a chuva tenebrosa. A terra parece estar seca demais ou úmida demais, a primavera parece perder a vez para o que demonstra ser o verão, o outono e o inverno interminável....
O que faz parte desse jardim? Os que já visitei são feitos de valores, premissas, crenças, amores, dores, frustrações, dificuldades, risadas, lágrimas, abraços, angústias, medos, realizações, decepções, paixões, encantamentos, tristezas, mágicas, alegrias, mentiras, verdades, sucessos, fracassos. Ainda parece uma tarefa simples cultivar esse jardim?
E as esperadas borboletas, de que cores são? De que tamanhos são? Arrisco dizer que são perguntas muitas vezes sem respostas.
Em grego antigo borboleta diz-se Psyché, ou seja, alma. Por sair do casulo ao nascer, a borboleta é o símbolo da alma imortal...Já me peguei pensando que borboletas apenas pousam...por alguns segundos, se tivermos sorte por alguns minutos.
São minutos por uma primavera inteira! São segundos por uma vida inteira!
É a espera ansiosa pela visita repentina, pelo colorido de um bater de asas, pelos segundos que validam o cultivo daquele jardim...

Geografia natalina

Não é de hoje que as pessoas questionam o real significado do Natal. Não é de hoje que os comerciantes esperam ansiosos o último mês do ano para o recorde de vendas. Porém, também não é de hoje que o socialmente aceito é o “Natal em família” e o “Ano Novo com os amigos”.
Tomo a liberdade de questionar: o que é o Natal em família? É o da propaganda da margarina Qualy? Novamente ousando com minhas definições, digo que o Natal em família é aquele que me ensinaram a celebrar toda véspera do dia 25 de dezembro. É aquele em que o que se espera são as tradições construídas, tradições estas que se reeditam a cada novo ano, a cada nova foto com novos componentes e novas ausências. Pode ser a tradição da salada de bacalhau, da porção de bolo de nozes sem uva passas, ou quem sabe a tradição do primo mais velho em estourar a champagne?
O Natal em família tem sabor de lombo trançado com manjar branco de sobremesa. O Natal em família implica no lugar certo no sofá para receber os presentes que finge-se não esperar. Natal em família é o agradecimento “escondido” para aquela que pacientemente escolhe os presentes que serão calmamente entregues aos netos, filhos, cunhados. Natal em família é ter a certeza que dentre todos haverá o presente do rancho, embora este possa não ter mais essa configuração para quem o faz sempre terá para quem o recebe. Natal em família é escutar um a um os nomes serem repetidos na sala por diferentes vozes, porém com as mesmas intenções. Natal em família é ainda disputar a atenção de todos com a prima mais velha, mesmo sabendo que o mundo lá fora já não é mais tão cor-de-rosa como a casa da Barbie. Natal em família é esperar no quarto ouvir a voz do churrasqueiro no dia seguinte para só assim acordar na mesa do almoço. Natal em família é rir com a mesma intensidade e espontaneidade independente da idade, é encontrar no olhar de cada um a cumplicidade das histórias vividas, das broncas e castigos divididos entre os primos.
Uma coisa eu afirmo, a ansiedade dos comerciantes não se compara a ansiedade em se diminuir a distância entre Araras, Ribeirão Preto, Salto, São Paulo, Santo André, Bragança Paulista, São Carlos, Campinas...