quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Qual é o seu código de barras?

Um código de barras. Sim, é o que você precisa hoje para ser catalogado nos temas interessantes. Gostou do estande? Então posso te catalogar? Parou para ver o vídeo institucional? Então posso te catalogar? Sim, nada mais do que um código de barras, afinal basta ele para você "curtir" o evento. Será que é ser retrógado ainda gostar de um abraço, de um olho no olho? Mesmo que seja um olhar de amargura, ao menos é humano...

quarta-feira, 10 de março de 2010

Acostumando a se acostumar

As palavras muitas vezes são reagrupadas, mas o ponto de partida é o mesmo, a idéia principal é a mesma, por que não arriscar dizer que o sentimento inicial é o mesmo? Pois afinal uma forma eficaz de se expressar é o agrupamento de palavras, é o famoso "dar asas à imaginação". Pode ser de Marina Colasanti ou John Ulmoa o agrupamento, mas elas estão ali, tentando materializar o cotidiano humano (cotidiano muitas vezes parecido com o nosso, não?).
Segundo Ulmoa: " A gente se acostuma com tudo, a tudo a gente se habitua". Pois é, assim como ele me habituei ao pão light, ao salto alto e até ficar sem tv. Me acostumei sem querer. E assim como Marina Colasanti "eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia". E aqui faço uso dos agrupamentos dela, pois a gente se acostuma a morar em apartamentos maiores do que precisamos e a não ter outra vista que não as janelas de famílias ao redor. Logo se acostuma a não olhar para fora. Nem mesmo a ausência de cortinas para abrir facilita o olhar, pois a gente se acostuma.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque os cinco minutos da soneca passaram como cinco segundos. A tomar pó sabor chocolate com água no liquidificador porque poupa uma refeição, e dizem que até calorias. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A deitar tarde e acordar cedo sem ter sentido a noite.
A gente se acostuma a sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a fazer fila para pagar.
A gente se acostuma a andar na rua às pressas e nem mais perceber cartazes. A abrir as revistas sem ter tempo de ver os anúncios. A ligar a televisão para nos fazer companhia.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer, por não ter outro jeito. Em doses pequenas, tentando não perceber, vamos afastando uma dor aqui, um pensamento ali, uma revolta acolá. Se o apartamento é grande, a gente se consola pensando que há mais espaço para se espalhar. Se os cinco minutos da soneca são poucos, a gente se consola com os cinco minutos da próxima manhã. Se o pó sabor chocolate passa longe do cacau, a gente se consola pensando no frango grelhado com salada do almoço. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana chover o tempo todo a gente vai dormir cedo e ainda fica feliz porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na tristeza, para preservar a pele! Se acostuma para evitar feridas. A gente se acostuma para poupar a vida. Muitas vezes a gente se acostuma porque não tem outro jeito.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Pincel, tinta, ação!

Vinicius...em belas palavras descreve nosso hoje, nosso ontem e nosso amanhã...Por que digo isso? Quem teria a sensibilidade de em alguns versos falar de começo, meio e fim em cores? De falar de vida e morte em aquarela?
Afinal numa folha qualquer você pode desenhar um sol amarelo
E com cinco ou seis retas fácil faz um castelo
Corre o lápis em torno da mão e se dá uma luva
E se faz chover com dois riscos tem um guarda-chuva
E se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel? Ué, num instante imagina uma linda gaivota a voar no céu!
Voar? Sim, vai voando, contornando a imensa curva norte-sul, você vai com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul
Pinta um barco a vela branco navegando
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vai surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno indo
E se a gente quiser
Ele vai pousar
Numa folha qualquer você desenha um navio de partida
Com alguns bons amigos, bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consegue passar num segundo
Gira um simples compasso e num círculo você faz o mundo! Sim você!!
Um menino caminha e caminhando chega num muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está. O futuro? Nas palavras de Moraes o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Ela não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe, sim, NINGUÉM sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia enfim
Descolorirá...
Então...que tal ter tinta e pincel na mão enquanto temos uma folha?

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O título de Ser Humano

Reedição do Natal? Arriscaria dizer que sim..Salto, Bragança Paulista, São Paulo, Araras, Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos, enfim....novamente uma união geográfica de causar inveja a qualquer professora de Geografia. Desta vez o motivo não era comemorar o nascimento de um Ser, mas a graduação de uma das filhas Dele. Pensando no sentido literal da palavra graduação, depara-se com o que? Com um processo de formação, formar alguém para algo. E assim contemplou-se a comemoração...o comemorar daqueles que orgulhosamente formaram o caráter, a índole de um ser humano. Um ser humano que já foi pequeno, que já espalhou comida sobre a mesa, que já quebrou vasos de flores com uma simples pose para foto. O espaço escolhido para se vivenciar essa conquista tinha metros quadrados suficientes, mas a cada momento esses se tornavam menores. As risadas tomavam conta de cada canto dando vida a cada gesto. Num piscar de olhos graduados e graduandos se misturavam, e agora era a vez de filhas formarem as mães as ensinando a se maquiar, sobrinhas formarem tias as mostrando como esvaziar um colchão inflável, primos mais novos darem aula de Gestão de Carreira áquela que teoricamente responde como uma profissional da área. Um misto de geração dando significado a cada história ali presente, desenhando cada parte de uma comemoração compartilhada. Até os ausentes graduados se fizeram presentes nessa formação, presentes nas lembranças dos que nunca os deixam de lado, no anel dourado de pedras pretas que enfeitam o dedo doce, num simples pedido para uma boca vermelha de batom daqueles olhos que acalmam a alma, num olhar brilhante e sorriso cativante daquele que em pé na cozinha diz esperar sempre por novas palavras. Certamente ali estavam todos aqueles que formaram pessoas não para um primeiro título Universitário, mas para um primeiro título de Ser Humano.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Ajustes aéreos

Nem o cansaço da rotina e o sono da manhã impedem de ouvir o comentário: "Nossa mãe! Somos formiguinhas!! Olha...olha! Mãe, o avião vai cair?" A ingenuidade e a simplicidade infantil são invejáveis, não? Num mundo em que os 15 primeiros dias do ano já estão marcados por inúmeras catástrofes uma doce fala infantil dá um suspiro de esperança...Enquanto para alguns as horas aéreas são aproveitadas para revisão de pautas, ajustes de relatórios, para outros elas literalmente dão asas à imaginação.
Os números detêm a atenção de alguns enquanto a atenção de outros é tomada pelas nuvens de algodão doce. E assim aqueles 60 minutos são intermináveis para aqueles que voam com o nariz na janelinha e aqueles 60 minutos voam para aqueles que nem a janela visualizam...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Construindo o hoje para lembrar o amanhã

Sete meses depois retomo Meu sorriso dando vida ao Meu mundo e o primeiro texto retrata o ontem. Freud explicaria? Não sei, mas aqui está:

Por quê? Pra que? Lembranças….ah, lembranças. Ter ou não tê-las?
Lembranças que resgatam o sentimento, a lágrima, o sorriso, a dor, a alegria. E por que não dizer, lembranças que nos resgatam a alma. Muitas vezes elas são resgatadas ao acaso, com um telefonema, um esbarrão na rua, um simples e-mail, uma conversa de bar, um pensamento, um comentário, uma indagação, uma certeza.
As lembranças teimam em nos resgatar aqueles segundos que não voltam mais, aqueles lugares que uma vez tivemos, aquele perfume que uma vez sentimos, aquele gosto que uma vez provamos, aquela palavra que uma vez ouvimos.
O tempo continua existindo, nosso olfato e paladar também. Sendo assim, o que transforma esses momentos e os colocam na categoria de lembranças? Arrisco a responder: nós, nós transformamos o ontem e o hoje, e possivelmente o amanhã, em lembranças.
Ai está o grande desafio, viver sabendo que estamos a cada segundo construindo lembranças. Cada segundo ter a certeza de que o presente diminui e as lembranças aumentam.
Pois bem, como diria o Descobridor dos Sete Mares, nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia...e assim nos resta o que? As lembranças dos segundos que não voltam mais, dos lugares que uma vez tivemos, do perfume...