segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O lençol branco e a fronha amarela

Aquele quintal costumava ser tão grande...o galinheiro até mesmo assustador.
Mas o sorriso ao receber no portão continua o mesmo, embora o andar já se arraste além do normal.
Chega a ser intrigante a força do tempo, por hora é melhor não questionar porquês e abraçar com toda a força a realidade!
A rotina realmente nos tira dos trilhos, porém o trem continua passando e por vezes não nos damos conta disso. As preocupações consomem, as decepções marcam, a dor incomoda, a vontade aumenta, o sono atormenta, a fome aparece e o tempo falta. O tempo falta ou o tempo passa? Se deparando com aquele arrastar além do normal cheguei a conclusão de que o tempo falta por passar demais...
Houve o tempo de brincar na terrinha daquele quintal, de acordar com o barulho das pombas, com o cheiro de café com leite na cozinha, acordar com a voz animada das irmãs que se reencontravam e tagarelavam na copa. Acordar de um sofá com o lençol branco e com a fronha amarela. Tempo em que o almoço era mais do que o almoço, eram as coxinhas de frango disputadas. Ai que delícia!!! (Coitadas das irmãs tagarelantes que tinham que conter os filhos na beirada do fogão!). Nem mesmo a época das eleições era tediosa pelas propagandas eleitorais, afinal disputar quem recolhia o maior número de santinhos na esquina era um campeonato e tanto!
O trem continuou passando...a mesa de pedra continua lá, porém hoje já não faltam mais tantos lugares na hora do almoço, afinal o número de passageiros já não é mais o mesmo. A cozinha também continua lá, hoje povoada pelas várias gerações que já fritam as coxinhas de frango e não mais as disputam. O sofá também continua lá, embora tenha uma cara nova e não mais desperte em todos o aconchego da fronha amarela.
O tempo faltou, o tempo passou, mas carrega o andar arrastado daquele sorriso ao abrir o portão.